O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pastorais desafiam Igreja e defendem Camisinha


Campanhas de prevenção da AIDS com sexo seguro são endossadas por religiosos que atuam em ONGs

BRASÍLIA. A pregação oficial da Igreja Católica contra o uso da CAMISINHA vem sendo desafiada por padres, freiras e leigos que atuam em pastorais e ONGs.

Sem fazer alarde, eles distribuem PRESERVATIVOS para a população vulnerável e portadores do vírus HIV. No trabalho de prevenção, elaboram um material que, até bem pouco tempo, seria impensável vincular a uma entidade ligada à Igreja. "Use CAMISINHA em toda relação sexual, seja ela vaginal, anal, ou oral.

Reduza o número de parceiros (as) sexuais", diz um texto do site da ONG AIDS: Apoio, Vida, Esperança (Aave), de Goiânia, dirigida pela freira Margaret Hosty, coordenadora da Pastoral da AIDS no Centro-Oeste.

Ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e criada em 2004, a pastoral se expandiu nos últimos anos e está presente hoje em 118 dioceses do país. O seu trabalho é acolher os doentes de AIDS, dar apoio psicológico e atuar também na prevenção. Até hoje, a Igreja formou cerca de 13 mil agentes de Pastoral da AIDS.


Tema aparece em vários panfletos da Pastoral


Tema que ainda é tabu para os católicos, o uso do PRESERVATIVO aparece em vários panfletos. A Pastoral da AIDS criou uma mensagem para ser veiculada em rádios católicas que exorta a prevenção contra o vírus HIV e, ao contrário da posição do Vaticano, que prega a fidelidade, defende o sexo seguro.


"AIDS não tem cura. Prevenir é o melhor remédio. Evite relações sexuais desprotegidas".


Um dos livretos diz que, atualmente, cresce a consciência de que não basta tratar os infectados: "É preciso chegar antes que o vírus". A Aave, de Goiânia, atende 300 famílias e atua em atividades de educação, psicologia e apoio jurídico aos doentes. A entidade oferece o PRESERVATIVO, que recebe do Ministério da Saúde.


- Não vejo contradição com os preceitos da Igreja, que sempre pregou que se deve proteger a vida. Temos que prevenir sempre.


É nosso dever, como grupo de apoio, oferecer informação correta, mas também o PRESERVATIVO - diz Margaret Hosty.


Coordenadora da ONG Bemmequer, que atua em bairros pobres na periferia de São Paulo, a missionária irlandesa Sarah Helena Regan ajuda a cuidar de soropositivos. Sua organização atende cerca de 200 portadores do HIV. Como outras entidades, a Bem-me-quer participa de mobilizações como o Dia Mundial de Luta contra a AIDS, que ocorre sempre em 1ode dezembro.


O PRESERVATIVO também faz parte do trabalho da entidade.


- Quando há eventos como esses, distribuímos CAMISINHA. Em trabalhos de prevenção em escolas, também levamos. Agora, não somos uma entidade que distribui PRESERVATIVO, mas que leva informação sobre prevenção e acolhe doentes pobres - diz Sarah.


O padre Valeriano Paitoni, do Instituto dos Missionários da Consolata, de São Paulo, coordena três casas de apoio e cuida de infectados que são filhos de mães portadores do HIV. Nas três unidades do instituto, são atendidas 28 crianças e jovens e, cinco deles já completaram 18 anos. Para ele, a prevenção é fundamental.


- A Igreja Católica diz que a verdadeira prevenção está nos valores evangélicos. Mas a postura de uma igreja ou religião, qualquer que seja, não pode prevalecer sobre o bom senso - diz Valeriano. Nem sempre o material da Pastoral da AIDS teve postura liberal em relação ao tema.


Num livreto, o poema "Quadrilha", de Carlos Drummond de Andrade - "João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim..." - virou: "Há vinte anos a AIDS põe em risco a vida de João, que põe em risco Teresa, que põe em risco Raimundo, que põe em risco Maria, que põe em risco Joaquim.".


Católico não está alheio

Igreja resiste a campanhas do governo
Ao comentar a trabalho de padres que distribuem PRESERVATIVOS, o secretáriogeral da CNBB, dom Dimas Lara, afirmou que há certas áreas de fronteira onde, se o religioso não participar, pode pecar por omissão: - Possivelmente esses padres querem dar sua contribuição.


É um sinal de que o católico não está alheio a esse problema. Mas a solução é mais abrangente do que a distribuição de CAMISINHA.


No entanto, o avanço da atuação de religiosos na luta contra a AIDS ainda esbarra numa oposição da Igreja a políticas do Ministério da Saúde, em especial das campanhas publicitárias pelo uso da CAMISINHA.


Para o secretário-geral da CNBB, essas propagandas desestimulam a fidelidade: - O que nos preocupa nessas campanhas, como a do carnaval, não é o incentivo à prevenção. Não vejo na propaganda nenhum incentivo à fidelidade e ao respeito.


Do jeito que é feita, incentiva é a iniciação muito precoce da sexualidade nos jovens.

O coordenador-adjunto do Programa Nacional de AIDS do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, disse que não só a Igreja Católica, mas adeptos de outras religiões estão envolvidos na luta contra a AIDS. Para Barbosa, a Pastoral da AIDS presta um serviço fundamental e auxilia o governo com sua ação. Ele considera um avanço que entidades ligadas à Igreja distribuam PRESERVATIVOS: - O grande diferencial é que quem recebe a informação pode, sem deixar de praticar sua religião, optar qual melhor meio de prevenção.
-- Sadessa Vieira
(51)-8405.44.32"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer".Albert Einstein

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