O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

 
Mais meninas com HIV/aids
Crescimento do número de jovens soropositivas
revela importância de ações de prevenção e assistência
mais incisivas para esta população
Não sem motivos, no carnaval deste ano, a campanha de prevenção à aids do Ministério da Saúde foi voltada para mulheres de 15 a 24 anos. De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2010, os casos de aids em homens e mulheres de 13 a 19 anos, de 1980 até junho de 2010, somam 12.693. Nessa faixa etária, há mais meninas com HIV/aids do que meninos. Além de a mulher ser mais vulnerável por sua fisiologia, o jovem traz em si a crença da imunidade. "Pela própria estruturação psíquica, pela ideia que carrega de que não vai acontecer com ele, o jovem está mais vulnerável ao HIV", afirma Cláudia Rodrigues de Oliveira, psicóloga do Ambulatório de Referência Doenças Infecciosas e Parasitárias (ARDIP), em Ribeirão das Neves, e do Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Assistência Especializado - Sagrada Família (CTA/SAE), em Belo Horizonte.
"Em Ribeirão das Neves, as jovens têm menos acesso a bens culturais, e a vivência da sexualidade acaba sendo o recurso de prazer mais fácil, sendo vivenciada mais cedo", diz. "Por isso, estamos trabalhando ações de prevenção, e não esperando que as meninas cheguem ao serviço", afirma Cláudia.

Prevenção
Em relação ao uso da camisinha, a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira 2008 mostra que, em todas as idades, eles usam mais preservativo do que elas. Durante lançamento da campanha de prevenção, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lembrou a importância de transpor desigualdades de gênero. "A proposta é sugerir que o público feminino incorpore a camisinha como uma peça do cotidiano da mulher", destacou. O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Dirceu Greco, ressaltou que as atividades de prevenção seguem durante o ano. "A campanha é um instrumento que ajuda a cha-mar a atenção para a saúde em momentos específicos", disse.
Dentre as atividades do Departamento para meninas está o programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), que leva educação sexual para o ambiente escolar. Além disso, as ações do Departamento para capacitar as equipes de saúde que trabalham com o adolescente terão continuidade, visando a melhorar o acolhimento desse público nos serviços de atendimento.
Para a representante da ONG GESTOS, em Recife, Josineide de Meneses, é preciso fortalecer iniciativas como o SPE. "Falta fortalecer a prevenção nas escolas. Distribuir camisinhas em portas de festas é uma medida interessante, mas não basta", afirma. É nessa área que a ONG tem investido, porém, com dificuldades. "Em 2010 desenvolvemos uma ação com mulheres de 18 a 24 anos e não conseguimos ter acesso à camisinha feminina. Assim, perdemos o foco da iniciativa", diz.

Pré e pós-teste
Para Ivone de Paula, diretora da Gerência de Prevenção do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids - São Paulo (CRT-DST/Aids-SP), os jovens e principalmente as meninas merecem cuidado especial na discussão sobre testagem. "Muitas vezes eles iniciam a vida sexual e não têm com quem tirar suas dúvidas.É comum esconderem dos pais ou responsáveis que já estão tendo relações, o que contribui para o não uso do preservativo, pois não o podem ter consigo, com medo de serem descobertos", diz.
Ivone indica que o profissional, ao realizar o aconselhamento, verifique se o jovem está emocionalmente preparado para fazê-lo. "O diálogo aberto, sem julgamentos ou recriminações, permite que se estabeleça vínculo de confiança com o jovem, o que permitirá elencar situações de risco, contextos de vulnerabilidade aos quais podem estar submetidos", explica. "O conhecimento da vivência do jovemé de extrema importância para a continuidade do atendimento no pósteste", completa.
A psicóloga Cláudia Rodrigues acredita que, no aconselhamento, a conversa deve partir dos jovens. "Quando estou num pré-teste, os jovens me apresentam as demandas, falam o que sabem e eu vou pontuando a partir do que foi dito", explica.

Adesão
Sobre a adesão, Cláudia lembra que, como qualquer outro público, a menina pode ter dificuldades em aderir ao tratamento. "A maior angústia que percebo nesse público, entretanto, é de ser reconhecido no local de tratamento", afirma.
Nesse sentido, a atenção entre pares, visando a um ambiente acolhedor, pode ser interessante. O Programa Jovens Acolhedores, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, conta com a participação de universitários no acolhimento de usuários das Unidades Públicas de Saúde. Há casos em que o programa representa um canal de interlocução entre jovens. "Jovem acolhedor é sinônimo de humanização", afirma o jovem acolhedor do CRT-DST/Aids-SP Sidney Santana Batista. "Com certos pacientes jovens, o vínculo é grande.
Trocamos emails e telefones. Criamos laços de afetividade", conclui. Violência contra meninas Em Porto Alegre/RS, a organização de mulheres negras Maria Mulher trabalha com mulheres e meninas em situação de violência doméstica e sexual desde 1998. "Logo no início do trabalho, observamos a naturalização da violência no cotidiano das mulheres. Por isso construímos uma equipe para debater a temática e foram sendo apresentadas demandas", explica Maria Noelci Homero, diretora da ONG.
Dentre elas, estava a dificuldade das meninas em negociar o uso do preservativo com os parceiros. "Cerca de 75% dos companheiros das jovens eram usuários de drogas injetáveis e elas acabaram infectadas", diz Maria. Desde então, a ONG passou a desenvolver atividades para resgatar a auto-estima das meninas. O programa Reciclando a Cidadania ainda possui oficinas na área. "A ideia é que as meninas tenham informações para que possam fazer escolhas de uma vida sem violência. Elas devem ter seus direitos sexuais e reprodutivos garantidos", afirma.

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