O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.
O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.
O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Vitória merecida do MST/RS!
marian pessah por mulheres rebeldes
Fotos http://www.flickr.com/photos/marianapessah/sets/72157618066532936/
primero em lengua brasilera
Após 9 dias de greve de fome em 4 pontos do estado do Rio Grande do Sul e alguns bloqueios de rodovias, o Ministério Público Federal, disfarçando com o nome de acordo, levantou a ordem de despejo do acampamento Jair da Costa, localizado no município de Nova Santa Rita e se comprometeu a assentar as famílias. Cem no prazo de um mês e as restantes, cerca de 160, antes do fim do ano.
Dois dias antes, pela primeira vez, Luciana e Leandro deram entrevistas para a TV mostrando a cara. Com esse gesto demonstravam, mais uma vez, que estavam dispostxs a tudo!
Há vários dias vinham com uma firmeza arrepiante afirmando que não sairiam. Estão acampados naquelas terras há 3 anos, vivendo sob a lona preta, quase 300 famílias que resistem e lutam pela reforma agrária, pela dignidade e pelo direito de ter um pedaço de terra onde plantar e produzir. Decidiram defender essa conquista com unhas e dentes. Ficaram entrincheiradxs, cercando todo o terreno com estacas de taquaras pontiagudas para impedir a entrada dos cavalos da brigada.
Para saber mais e ver fotos :
http://radicaldesdelaraiz.blogspot.com/2009/04/apesar-de-voce-o-mst-continua-na-luta.html
Ontem, terça, 12 de maio, estava marcada uma audiência na sede da Justiça Federal em Canoas. Xs compas já vinham preparando o terreno e ali era um dos 4 pontos onde estavam fazendo greve de fome. Cada vez que alguém entrava ou saía do prédio da Justiça Federal, era obrigada a se deparar com essa realidade, elxs estavam se convertendo em pesadelo, a mosca na sopa da justiça. Já não era através da imprensa institucional, conivente com o que o poder quer ver e mostrar para continuar no seu trono. Agora, a fome e a luta tinham rostos, bandeiras e estavam decididxs a morrer se fosse preciso, porque como diz um de seus refrãos: “prefiro morrer lutando, que morrer de fome”.
A felicidade tinha hora marcada.
Levantaram a ação de despejo! Se abraçariam horas mais tarde e dançariam nas ruas. Outrxs já punham mãos a obra e começariam a levantar o acampamento de dias de vida na calçada.
É uma vitória histórica, sem dúvida, e muito emocionante!!
Cheguei duas horas antes da audiência começar. Abraços e sorrisos, muita alegria ainda que muita tensão pairasse no ar. Fotos, conversas, chimarrão. Muito cansaço em alguns olhares, muitxs apoiadorxs do Movimento que, como eu, estavam ali demonstrando que essa é um luta para valer, para vencer. Que essa luta é de toda a sociedade.
Em seguida chegou Claudia, a advogada, era hora de subir para a audiência. Luciana propôs axs apoiadorxs para também tentarem subir, sabendo que era pouco provável que nos deixassem entrar. Isso sucedeu a apenas um metro e meio do local, uns policiais bem parrudos repetiam apenas que não, que não. Frente a tanta negativa perguntei se jornalistas podiam passar. Então viria um homem especialmente para me acompanhar, a mim! Esta sociedade adora nos dividir, cavar diferenças entre umas e outras pessoas, inventar hierarquias e títulos.
Ao sair do elevador o clima podia se cortar com faca. Muito terno e gravata, e eu tentaria convencer Gabriela, que atendia a imprensa, a me permitir tirar uma foto lá dentro. A negativa era contundente, apenas 5 pessoas entrariam, o juiz não queria mais ninguém.
Mas as pessoas querem ver, e nós queremos informar, mostrar imagens. Um pouquinho depois me deixaria passar.
No tempo da espera, quando perguntávamos ao pessoal de segurança como a coisa estava andando, diziam, “por enquanto bem”, dando a perceber que estavam preparados para quando deixasse de “estar bem”. Lógico, é seu trabalho, garantir a segurança do sistema.
Após aproximadamente uma hora e meia aparece Claudia, sai para levar uma proposta ao movimento e esclarece que não quer imprensa. Ao vê-la chegando levantam os punhos gritando: Pátria Livre, venceremos! É um momento de muita emoção.
Organizam uma reunião, desta vez sem microfone, e Claudia explica a proposta. Dois pontos que foram descartados, o terceiro não parecia tão conciliador: se levantaria a ação de despejo e as famílias seriam assentadas, tinha cara de Vitória. O único ponto discutível é o de que não poderiam entrar novas famílias no acampamento.
Rapidamente se dividiram grupos de discussão, dando direito de palavra a todo mundo. As famílias discutiam, opinavam. Outro grupo, viola na mão, cantava músicas do movimento.
Poucos minutos mais tarde, punhos esquerdos se ergueriam em uma voz: venceremos!
Claudia voltava para audiência levando as vozes multiplicadas do movimento de trabalhadorxs rurais sem terra: antes do natal, serão com terra.
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