O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Declaração da Sociedade civil das Américas para a conferência regional para a América Latina e Caribe

Preparatória para a conferência da revisão de Durban.
Segmento LGBT

Reunidos em Brasília, do dia 13 ao 15 de Junho de 2008, nós afro descendentes, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, em conjunto com os povos indígenas, ciganos, mulheres, migrantes, refugiados internos, jovens, pessoas com capacidades especiais, pessoas privadas de liberdade e pessoas vivendo com HIV/AIDS; denunciamos que a violência racial estrutural que afeta uma parcela significativa da população de 150 milhões de afro – descendentes da região é alarmante e inaceitável. Exigimos imediatas, urgentes e comprometidas ações de políticas afirmativas , tanto dos Estados como das instituições internacionais e inter - governamentais.
Nesta conferência regional da América latina e Caribe está sendo pioneira no processo de revisão de Durban. O seu resultado possivelmente influenciará o processo de revisão das demais regiões. As dificuldades políticas e a diversidade de interesses em relação a temas desta conferência são muito grandes, o que tem acarretado constrangimentos para a efetivação do processo. Reconhecemos que são muito os embaraços existentes em relação a determinados temas, sendo que o tema da orientação sexual e/ou livre expressão de identidade de gênero de afrodescendentes nos preocupa enquanto seguimento LGBT nesta conferência.
Respeitando os constrangimentos internos de vários Estados em relação a esta temática, nós do segmento de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros consideramos fundamental a garantia desta temática no processo de revisão de Durban, a fim de que os Estados renovam os compromissos assumidos em 2001 e identifiquem oportunidades de superação dos desafios que se apresentam frente a este segmento.
A demais por ser uma praxe consagrada, os encontros de avaliação das conferências temáticas das nações unidas contribuem para fortalecer os compromissos assumidos, identificar desafios à sua execução e manter temas relevantes sob constante escrutínio da comunidade internacional. Ao mesmo tempo, deve-se manter vigilância sobre os riscos de retrocesso em relação a consensos logrados em eventos anteriores.
Para o segmento LGBT a declaração e o plano de ação de Durban consagram o patamar mínimo de proteção a ser oferecido pela comunidade internacional às vítimas e potenciais vítimas de racismo, xenofobia e intolerâncias correlatas na qual citamos aqui a Lesbofobia e Homofobia institucionais. O processo de revisão poderá ampliar o espectro de proteção, aprofundá-lo e fortalece-lo e jamais reduzi-lo. Cabe aos Estados e as nações Unidas zelarem pelo pleno acolhimento, identificarem as dificuldades de implementação e cooperarem entre si para a superação dos desafios existentes em relação a Lésbicas. Gays, Bissexuais e Transexuais afrodescendentes.
Nos parece que os países da América Latina encontram-se em condições favoráveis ao pleno cumprimento dos compromissos assumidos em Durban, o que nos preocupa são países Caribenhos onde os fundamentalismos provocam a intolerância em relação ao livre exercício de seus / suas cidadãs de orientação sexual e expressão de identidade de g6enero, punindo-os seja por sodomia, prisão e até a morte.
Discriminação e intolerância são fatores fundamentais na estruturação das desigualdades e injustiças sociais. Elas orientam a distribuição dos recursos materiais simbólicos, a prestação de serviços públicos, assim como influenciam o acesso a oportunidades de ascensão social e econômica, Dentre os tipos de intolerância manifestas na atualidade, destacam-se, o racismo e a discriminação racial contra indígenas e afrodescendentes, ao lado da discriminação de gênero, por orientação sexual e identidade de gênero, agravada no caso de mulheres negras e Índias.
Para nós do segmento LGBT , seria conveniente que a discussão entre os Estados privilegiasse o aumento da coordenação entre os mecanismos de monitoramento existentes, de forma a eliminar a superposição de funções. Parece adequado ainda, o reforço de alguns mandatos, para o aprofundamento de discussões sobre violações cometidas por novos meios de informação, como a Internet e para grupos considerados vulneráveis, como os LGBTS afro descendentes, comunidades tradicionais e deslocados internos.
Seria também interessante, ademais que o processo de revisão incorporasse a atribuição de encargos específicos a estes órgãos no sentido de promover a sensibilização, o diálogo e a capacitação de gestores públicos para a incorporação da temática LGBT em suas atividades. Estes órgãos deveriam promover encontros com tais gestores, realizar um acompanhamento mais efetivo e detalhado das atividades implementadas, em conjunto com a sociedade civil, especificamente com a rede latino americana e Caribenha afrodescendente, criada na conferência da Sociedade civil em Junho de 2008, na cidade de Brasília / DF.
Recomendamos aos Estados aprofundarem e investirem no tema LGBT em atividades transversais na conferência e plano de ação de Durban. Bem como, incentivarem os Estados a planejar e investir na saúde da população negra, Educação inclusiva de ações afirmativas do sistema de cotas e na criminalização da homofobia.
O segmento LGBT Afro, está convencido que Estados, organismos internacionais, sociedade civil devem atuar conjuntamente para incitar diversas formas de cooperação internacional na matéria como importante instrumento de promoção da igualdade. A definição de uma agenda para a cooperação internacional na área dos Direitos Humanos e promoção da igualdade permitirá, além disto, conferir tratamento positivo a uma questão pela qual os países da América Latina e Caribe são usualmente demandados, de modo por vezes incompatível com o grau de compromisso pela região e foros internacionais que lidam com o assunto.



Assinam este documento:

Coletivo nacional de lésbicas Negras Feministas Autônomas – Candaces BR.
Rede Afro LGBT – Brasil
Associação de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Trangêneros – ABGLT - Brasil
Coletivo de Lésbico Dominicano –Republica Dominicana.
Rede LGBT do Mercosul
Federación Argentina de Lesbianas, Gays, Bisexuales e Trans - Argentina

Nenhum comentário:

Postar um comentário