O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

domingo, 23 de março de 2008

01 ano de Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – Candace BR




01 ano de Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – Candace BR
21 de Março -Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial


Guerra é o que nosso povo mais conhece.
As guerras de Palmares, a guerra de Canudos,
As guerras das favelas, as guerras do dia-a-dia.
As armas não eram suficientes para combater o inimigo
E as baixas sempre foram enormes. Mas hoje é diferen-
te; não é satisfatório, mas é diferente. Estamos comba-
tendo com armas mais poderosas que antes, e de diver-.
sos calibres: Respeito, Auto-estima, Consciência, Inte-.
ligência. E essa guerra não vai terminar tão cedo, talvez
nem termine
( Thaíde – músico rapper, 2000)



Vivemos nestes dias atuais uma insurreição, a insurreição da homossexualidade negra, não queremos apenas insurgir como símbolos da rebeldia, queremos insurgir o questionamento da nossa orientação sexual em nosso ketu, não queremos ser massa de manobra para os que pensam que são os bem avisados de plantão, somos socráticas negras, onde a dialética é mais do que informe, onde o informe transpasse nossa inteligência.

A criação deste Coletivo que é nossa insurgência nos enche de orgulho e de esperança, porque acreditamos que tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

Todas nós estamos nos preparando para este paradoxo, pois a diversidade dos indivíduos ao se disponibilizarem em um coletivo é a democracia social das ações, é a troca de formação entre todos os indivíduos ali disponíveis para a insurgência contra a opressão cotidiana da sociedade eurocêntrica deste nosso Brasil.

Muitas foram às tentativas de uma não ruptura, muitas foram às vezes de se ter uma única voz insurgente em diferentes regiões do Brasil, porém chegou o tempo de nos reunimos para a coletividade acreditando no respeito para com o indivíduo, em escutar e debater e assim chegarmos a uma solução coerente para as questões especificas das lésbicas negras.

Acreditamos neste coletivo como um espaço de ações em práticas educativas de inserção no processo organizativo popular, comprometido com a construção e o fortalecimento das lésbicas negras feministas, organicamente vinculados ao projeto de libertação da homofobia e lesbofobia e preconceito racial em todas as classes.

Acreditamos que este Coletivo é capaz de percepções fervorosas no compromisso com a necessidade de uma pedagogia para com nós mesmas, capaz de forjar uma militância de sujeitos conscientes da construção de uma sociedade livre de todas as formas de exploração e radicalmente democrática.

Não somos perfeitas, acreditamos que nas falhas podemos fazer autocrítica; Hoje, faz um ano da criação deste Coletivo. Neste ano realizamos muitas ações, são elas: Reunião Nacional do Coletivo Candace BR (SP), Participação no Seminário Nacional de Saúde LGBTT (DF), Jornada Cultural de Lésbicas Negras (RS), Fórum Social Nordestino, Painel: Juventude e Diversidade Sexual – Enjune (RS), Painel: Juventude e Diversidade Sexual – Enjune (BA),Organização I Marcha Lésbica (Porto Alegre), Realização do Seminário Nacional da Promoção e Controle da Saúde das Lésbicas Negras (Porto Alegre), Participação mesa Lai-Lai Apejó: mini conferência Religião Afro e Saúde (Porto Alegre), Organização da Rede Nacional da promoção em saúde das Lésbicas Negras – SAPATÀ.

Nossas Ativistas são gestoras, intelectuais, yalorixás, trabalhadoras formais e informais, artistas, mães, filhas, estudantes. Neste um ano de formação nos permitiu ecoar aos quatro cantos nossa voz nas conferências Nacionais de: Saúde enquanto relatoras, Mulheres enquanto articuladoras.

Nosso Ativismo nos permite estar no comitê impulsor da Rede Nacional Afro Brasileira e Saúde, na Organização do Congresso Nacional de Negras e Negros, Conferência Nacional de Juventude, nos permite estar organizando em nossas regiões a Conferência LGBTT e a Conferência Nacional da Promoção da Igualdade Racial, na articulação do Encontro Nacional das Jovens Negras Feministas, na organização do espaço Lógun ède do Fórum Social Mundial, no VII Encontro da Diversidade sexual no FSM –2009, na execução do projeto de pesquisa em antropologia “As Faces da Homofobia no Campo da Saúde”, dentre outros projetos nas áreas de educação, moradia e formação.

UM ano formidável que nos possibilita nesta caminhada conjunta, a descobrir que ninguém é melhor que ninguém, que a metodologia política é que nos difere, que nos impulsiona a buscar outras formulações de insurgência contra a homofobia e a lesbofobia racial.

Acreditamos principalmente que as lésbicas, as bissexuais, as transexuais e alguns gays que caminharam até hoje conosco, nunca foram desrespeitados neste processo de organização ou de construção deste coletivo, pois temos orgulho de nos apresentar enquanto organização, onde a mesma foi criada para ser um espaço de construção, onde não se vivencia uma fagocitose personalizada em uma rainha e uma princesa; Lutamos contra todas as formas de opressão, sempre acreditamos na horizontalidade de forma organizada e não imperialista.

Vivemos nestes dias atuais para a insurgência da conscientização real das negras lésbicas feministas e negros LGBTTs , mas insurgência é movimento e movimento é vento e vento é vendaval e vendaval é mudança e mudar é preciso! Não temos tempo a perder com malevolências militantes, precisamos ganhar o tempo para aperfeiçoarmos aquilo que mais nos atrasa, que está entre o discurso e a prática! Acreditamos na in surgência pela verdadeira libertação, que foi surrupiada dos livros de história, mas reafirmada na oralidade das rodas de nossas griôs...

Por isto, felicitamos a todas e todos que acreditaram em nosso ativismo como uma proposta diferenciada, que acredita na força do coletivo e comunga com os movimentos sociais, pois somos parte dele; que a autonomia do pensamento e das ações não significa romper com programas que visam proporcionar avanços para nosso segmento, mas que autonomia também é poder agir enquanto movimento e protestar sem pestanejarmos, pois o que nos move é a consciência de formarmos Lésbicas Negras com senso crítico e cutucar o que realmente nos impede de sermos vistas enquanto seres que necessitam muito mais do que empoderamento discursivo.

Lutamos para por em prática o projeto de uma sociedade inclusiva, sem racismo, sem violência de gênero e sem discriminação por orientação sexual.


SARAVÁ A TODAS CANDACES!!!

* CANDACE era um nome , uma espécie de título ( como Abimeleque e Faraó) dado as rainhas da Africa Oriental que dominaram a região antes da Era Cristã . A África foi um dos mais prósperos impérios do Continente, destacando-se Makeda ( Rainha de Sabá) e a Egípcia ( Nerfetiti). As Candaces negras exerceram grande poder civil e militar do Império Merve, ao Sul do Egito. Segundo a história muitos descendentes dos candaces foram espalhadas pelo mundo e muitas foram trazidas escravas para o Brasil e tempos depois alforriadas
fonte:http://jornalevangelista.blogspot.com/2006/10/quem-eram-as-candaces.html












Um comentário:

  1. Saudações a estas Candances por sua luta libertária. Axé
    http://belezasnegras.blogspot.com

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