O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

terça-feira, 10 de junho de 2008

PEDIDO DE REPARAÇÃO NO PROCESSO DE INDICAÇÃO DE DELEGADOS A REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DURBAN


Boa Noite!

Senhoras e senhores componentes do Comitê de Revisão de Durban – Conferência das Américas.
A I Conferência Mundial contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e todas as formas de intolerância correlatas, foi realizada em Durban, na África do Sul, em setembro de 2001. Na ocasião, foram discutidas as etapas práticas para a luta contra o racismo e editadas recomendações para combater o preconceito e a intolerância ao redor do mundo. O intercâmbio entre os países participantes, as instituições especializadas e as organizações não-governamentais levou à redação uma declaração e um programa de ações, que inclui medidas de prevenção, educação e reparações. O comitê nacional na época realizou cinco grandes oficinas regionais e efetivamente os jovens negros/as tiveram pouca adesão, em Portugal no congresso de juventude realizado em 1998; mesmo com a orientação da ONU realizando o encontro intercontinental da Juventude em Dakar, no que diz respeito ao Brasil o tema foi levado por especialistas da sociedade civil. Foram vários pontos de pauta transversalizados debatidos, com a juventude e o tema orientação sexual estava nesta pauta.
O tema da juventude brasileira apareceu efetivamente em duas frentes regionais, no Estado do Rio Grande do Sul, pela então coordenadora da juventude negra do Conselho do desenvolvimento da População Negra – CODENE, Sra. Leila Regina Lopes, onde a mesma como relatora de tal documento em conjunto com esta juventude, foram apontadas apontas a importância de respeitar o protagonismo juvenil, o empoderamento da juventude negra e a livre orientação sexual. Paralelamente, no Estado de São Paulo, na coordenadoria de juventude do município de Santo André, a sra. Eloá Kátia Coelho, apresentava e complementava o documento de políticas publicas para a juventude negra, esta copilação de documentos da sociedade civil em conjunto com o institucional, formou-se um documento específico da juventude negra brasileira a ser apresentado na I Conferência Mundial contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e todas as formas de intolerância correlatas, pela delegação brasileira em Durban, dentre elas a Sra. Ivonete Carvalho, na época presidente do Conselho do desenvolvimento da População Negra –CODENE.
Foram muitos os avanços em alguns países após Durban; no Brasil hoje podemos contar com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR, que apoiou em conjunto com a sociedade civil o ENJUNE, Iª Conferência da Igualdade Racial e a Iª Conferência Nacional LGBT; O movimento negro avança na luta pela saúde da população negra. É verdade que temos muito ainda que avançar enquanto Estado brasileiro, porém para que isto aconteça o movimento negro nacional precisa de uma unidade, unidade com um objetivo comum que é a luta contra o racismo e todas as formas de preconceito, mas apenas falar não basta! É necessário por em prática este discurso, com este pensamento, o movimento LGBT de negras e negros está crescendo, mas não pode crescer com práticas cerceadoras e antidemocráticas nos espaços de poder e empoderamento, isto não é legitimo e atravanca o processo da nossa luta contra o racismo e a homofobia.
Escrevemos para este comitê para questionar o por que de apenas três redes de representação nacional LGBTS terem sido admitidas neste espaço que tem como principal objetivo preparar um documento de avaliação regional como subsídio para a Conferência de Avaliação da Implementação da Declaração e do Plano de Ação de Durban. Sabemos que cada representação neste comitê deveria estar repassando para as redes nacionais sobre esta reunião da sociedade civil para a revisão de Durban. Gostaríamos de saber qual o critério que foi adotado pelo comitê para a seleção da sociedade civil para ser delegado neste espaço?
Falamos tanto nos antepassados; nossos antecessores e antecessoras que abriram estas novas possibilidades de avanço para a população negra em nível mundial que ainda sofre, racismo, xenofobia, homofobia e outras formas de preconceito, tornando-nos ainda a margem da estrutura social mundial e nos parece que este comitê por falta de informação dos representantes do seguimento específico LGBT, acaba sem perceber contraditório.
O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, vem por meio deste solicitar que a Sra. Leila Regina Lopes, seja delegada nesta reunião de avaliação, pelos seguintes critérios:
- Construção do documento base da juventude brasileira para a Conferência em Durban 2001.
- Coordenadora Executiva do espaço da diversidade sexual e direitos humanos - Lògun Ède, do Fórum Social Mundial.
- Membro convidada da Coalizão de Lésbicas Africanas, 2007.
- Co - fundadora da rede – Afro LGBT e da rede nacional de lésbicas negras, 2005.
- Representação do movimento negro enquanto seguimento de Lésbica Negra do Estado do Rio Grande do Sul.
- Co – realizadora dos Fóruns da Diversidade Sexual em (FSM 2003, 2005 - Brasil, FSM 2006 – Caracas, FSM 2007 – Quênia – África.) em conjunto com diversas entidades LGBT mundiais e movimento sociais organizados (Via campesina, Movimento negro, feministas).
Esperamos que este comitê analise nosso pedido sem etnocentrismo e repense que esta reunião não é de empoderamento pessoal e sim da população negra mundial, repensar diretrizes, planejar metas de avanços como saúde, emprego, educação, alimentação, violência, território, religião, dentre outras; perpassando pela questão de gênero, juventude, orientação sexual, geracional, pessoas vivendo com AIDS e pessoas portadoras de necessidade especiais.

Saravá!
Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – Candaces BR.
http://lesbicasnegrascandacebr.blogspot.com

Um comentário:

  1. O empoderamento da população negra tem que ser efetivado pelas redes e grupos que estajam de fato representados e que tenham interlocução com os estados e regiões, é incomprensivel que num movimento pela igualdade racial ainda não se consiga efetivar a circularidade.Se ainda não se alcaçar a circularidade de poder, que seja a de informações.

    Cinthia Fernanda
    Candace- BR - Pernambuco

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