O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Coletivo Nacional de lésbicas Negras Feministas Autônomas - CANDACE BR

APRESENTAÇÃO



Na escuridão da noite
Meu corpo igual
Fere perigos
Adivinha recados
Assovios e tantãs (...)
1.

Quando nos arrastaram da África para os portos do Haiti, Jamaica, Cuba, Mississipi e Brasil, não sabiam que nossos corações separados continuariam a bater como se tivessem em um só corpo. E que nossas vozes, mesmo fraturadas, continuariam cantando em uníssono.
(2)


Falar de lesbianidade e negritude e dar expressão ao nosso corpo,e percebemos nossa sensibilidade,nossa vulnerabilidade,nossa transcendência.
E difícil falar da lesbianidade negra, pois estamos falando de nosso corpo estético –político – marcado por experiências pessoais singulares de exclusão e preconceito, pelos poderes sociais e hostis. (3)
Através da criação do Coletivo de lésbicas negras feministas autônomas, ocorrido no VII Encontro de lésbicas latino- americanas e caribenhas – VII ELFLC, Santiago-Chile, Nasce para fazer uma reflexão e propor o debate aberto despretensioso e sincero sobre a questão das lésbicas negras,no movimento de mulheres negras,bem como extrapolar fronteiras preconceituosas e lesbofóbicas existentes no movimento negro em geral, para seguidamente juntos enquanto negras e negros, oprimidos pela segregação racial, lutarmos por uma sociedade “democrática radicalmente pluralista,multicultural e solidária, que abarque o Estado, a sociedade, a família e as relações amorosas”.(4)
Este coletivo, acredita que as questões raciais, o sexismo, são problemas que não afetam apenas as mulheres e os negros, mas toda a sociedade, “pois são fontes de injustiça , de intolerância, de violência, de fraturas, enfraquecendo todo o potencial de solidariedade e sociabilidade que todos nós como seres humanos possuímos”.(5)
Queremos desconstruir esta forma imposta de se fazer política, a busca da posição dominante a qualquer custo, o vale-tudo, para derrotar oponentes – seja pelas heterossexuais, seja pelos homossexuais. Queremos partilhar democraticamente todos os tipos de poderes, construir solidariedade na diferença, no dialogo, escutar ativamente e reciprocamente, acreditamos no respeito mútuo, no sentimento de igualdade moral e política entre as pessoas.
Para alcançarmos este objetivo, devemos colocar a questão da lesbianidade na discussão racial como ordem do dia, reconhecendo que a lésbofobia racial existe e deve ser denunciada e combatida, principalmente entre nosso movimento negro. Queremos através deste coletivo colocar em prática a verdadeira libertação sexual, incorporando valores históricos de nossa etnia,lutamos para que a sociedade brasileira assuma definitivamente sua identidade pluriracial e seja também expressa pela nossa cara, Lésbica negra!
Gênero e raça são eixos estruturantes dos padrões de desigualdades e exclusão social no Brasil. É impossível eliminar esses padrões de desigualdade e exclusão sem enfrentar –ao mesmo tempo – as desigualdades e a discriminação de gênero e de raça e principalmente devemos acordar que para eliminarmos estas desigualdades devemos debater profundamente a questão das lésbicas negras para que assim possamos caminhar juntos nesta luta pela igualdade racial.

“Homossexuais negros sofrem dupla discriminação em função de sua cor e de sua orientação sexual. Também dentro da comunidade negra, a homossexualidade é vista como debilitante, como um ultraje à ordem social estabelecida e a imagem do homem negro que é tido como símbolo de masculinidade”. (6)
As lésbicas negras, bem como os gays negros sofrem violências físicas às vezes até a morte, porém o sofrimento psicológico pela negação da sua condição de ser do gênero feminino, de identidade e condição humana também.
O Coletivo quer sobre , o que é compreendido em primeiro lugar que a lesbianidade, tal como a homossexualidade masculina “é uma categoria de comportamento possível apenas numa sociedade sexista, caracterizada por papéis sexuais rígidos e dominada pela supremacia do homem.Esses papéis sexuais desumanizam a mulher, definindo-nas como uma casta de apoio – serviço em relação à classe dominante dos homens e tornam os homens inválidos emocionais aos lhes exigir que sejam alienados dos seus próprios corpos e emoções de modo a executar eficientemente as suas funções econômicas - política -militares.A Homossexualidade é um produto secundário de uma forma particular de definir papéis (ou padrões aprovados de comportamento) com base no sexo, e como tal é uma categoria inautêntica (que não está de acordo com a” realidade “).Numa sociedade em que os homens não oprimissem as mulheres, e em que fosse permitida a expressão sexual seguir os sentimentos, as categorias homossexualidade e heterossexualidade iria desaparecer “.(7)
O coletivo de Lésbicas Negras Feministas autônomas, surge para aprofundar estes debates e por acreditar que a participação da lésbica negra deve estar em todos os setores dos movimentos sociais, espaços políticos e institucionais, entendido por nós como uma necessidade para conter a dominação dos grupos sociais minoritários, geralmente representado pelo macho-adulto.
Mesmo com as contradições internas no movimento feminista acreditamos que o mesmo tenha avançado e contribuído teoricamente sobre a lesbianidade, a partir do debate sobre sexualidade em geral. Ë nestes avanços que uma participação maior de lésbicas nos encontros nacionais e internacionais feministas que as contribuições nos processos de políticas públicas para as mulheres que as lésbicas negras organizam-se para a implantação e implementação deste debate no movimento feminista e na sociedade civil.Pois como lésbicas negras, “sabemos bem quanto trazemos em nós a marca da exploração econômica e de subordinação racial e sexual. Por isto, trazemos conosco a marca da libertação de todas e todos.” (8)

DOS PRINCÍPIOS DESTE COLETIVO

Este coletivo também denominado Candace –BR, através desta carta vem se apresentar à sociedade brasileira, com este conteúdo que é o queremos debater e com os seguintes princípios baseados em três vertentes, Racismo, feminismo e Classe.

Autonomia - Horizontalidade
Transparência - Radicalidade
Ética -Intolerância a violência, Racismo, sexismo,Lesbofobia.
Autodeterminação - Sororidade
Afidamento

NOSSOS OBJETIVOS

Combater todas as formas de violência, lesbofobia e racismo.
Incentivo a pesquisa sobre raça e lesbianidade.
Lutar pela Inclusão social de lésbicas negras em saúde, moradia, geração trabalho e renda,Educação, comunicação comunitária,tecnologia, cultura e arte.

ORGANIZACÃO

Este está organizado horizontalmente por cinco comissões, onde as mesmas são escolhidas entre todas integrantes do coletivo em reunião anual do mesmo.

Comissão moderadora
Comissão de ética
Comissão de articulação e projetos
Comissão de cultura e arte.

Em especial alguma integrante poderá ser excluída da comissão, bem como do coletivo quando se fizer necessário através de uma carta justificativa acordada pela maioria das integrantes da rede ou na reunião anual.

DA PARTICIPACÃO NO COLETIVO

Participam deste coletivo, apenas lésbicas negras convidadas pelas fundadoras e associadas, devendo passar preencher ficha de adesão e passando por critério da comissão moderadora e só estará apta a responder pelo m,esmo após sua primeira participação no encontro anual.


DO CONSELHO NACIONAL E INTERNACIONAL

Participam deste conselho, feminista lésbica ou não, independente de sua raça-etnia, desde que o coletivo compreenda a importância da convidada para o avanço e o debate deste coletivo para com seus objetivos.


Formação atual do CANDACE-BR


Região Sul

Leila Regina Lopes
Ariane Meireles
Maria Odete Bento
Norimar Das Neves Siqueira
Fátima De Oliveira
Solange Feliciano De Souza
Anelise Quiroga
Paula Martins
Gicele Savedra
Região Sudeste

Aminwá Do Ébano
Claudia Rosa
Lucia Castro
Luana Cardoso
Mara Miniassan
Marcia Izzo
Jesica Rosa
Roseli Silveira
Heliana Hemetério
Pandora Nação Hip-Hop
Kesia

Região Centro Oeste

Joelma Cezário
Luana Ferreira
Cíntia Clara


Região Nordeste

Marta Almeida Filha
Cintia Fernanda
Roseli Macedo Silva
Fabiana Cruz Franco
Carmem Lucia
Verônica Lourenço
Rivânia Rodrigues

Comissão De Religiões Afro Brasileiras E Saúde

Yalorixá Claudete Costa
Yalorixá Claudia Rosa
Doralice Simões


INTEGRANTES DO CONSELHO NACIONAL E INTERNACIONAL

Maria Angelica Lemos -BR
Celia Orlato -BR
Luciana Dias-BR
Juny Kraiczyk -BR
Phumi Metawa – África Do Sul
Ochy Curiel – México
Érica Montesinos – México
Julieta - Colômbia
Cecília - México
Celeste Vinet – Chile
Claudia - Chile
Aracelli Belota - Argentina


Apenas farão parte deste conselho mulheres convidadas por integrantes do coletivo que farão uma apresentação formal da convidada e a mesma preencherão a ficha de inclusão no conselho após debate interno do coletivo.



EPARREI !!!
21 de Março de 2007.


Referências bibliográficas

Meu corpo igual. Cadernos negros 15. São Paulo-Quilombo hoje – literatura 1992.

Write, Evelyn C. Oakland Califórnia – O livro da Saúde das mulheres negras_ nossos passos vem de longe –RJ, Pallos, Criola, 2000.

Werneck, Jurema. Mendonça, Maisa. Write, Evelyn C.- O livro da Saúde das mulheres negras_ nossos passos vem de longe –RJ, Pallos, Criola, 2000.

Silva, Benedita – Assistente social, discurso mesa “as mulheres negras no processo de colonização e sua reação durante este período, XIII encontro nacional feminista.

Silva, Benedita – Assistente social, discurso mesa, “As mulheres negras no processo de colonização e sua reação durante este período, XIII encontro nacional feminista.

Diéne, Doudou – relatório racismo, discriminação racial, xenofobia e todas as formas de discriminação,pg. 13, auto comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Outubro, 2005.

The woman – Identified woman, radical lesbian 1970.


González, Lélia. A importância da organização da mulher negra no processo de transformação social. Raça & dane (5). 2, Nov-dez 1988.

Um comentário:

  1. Parabéns, meninas a todas nós! Vamos comemorar nosso primeiro ano de trabalho! Com certeza e com cerveja, temos muito o que fazer!
    Que as bençãos dos Orixás, Inkices, Voduns, Caqboclos e Encantados nos guardem e nos impulsionem para andar no caminho da vitória e da construção coletiva! Beijos aurícos! Klau de Sapátá ( Claudete Costa)

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