O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

terça-feira, 31 de março de 2009

FRENTE SOCIAL CONTRA A TUBERCULOSE

27/3/2009Por Washington Castilhos, do Rio de JaneiroAgência FAPESP – A tuberculose se tornou prioridade para a Organização Mundial de Saúde (OMS) apenas em 1993, por conta do crescimento da epidemia da Aids. Em comparação com a África, o leste europeu e a Ásia, no Brasil a gravidade de tal associação demorou um pouco mais para ser percebida.“Foi preciso que a epidemia da Aids chegasse ao topo no país, em 1998/99, para que esses efeitos começassem a ser sentidos”, disse o sanitarista Dráurio Barreira, coordenador do Programa Nacional de Controle de Tuberculose do Ministério da Saúde.“O Ministério da Saúde declarou a tuberculose como prioridade nacional em 2003. Isso pode ser observado claramente quando, em 2002, tivemos o menor orçamento para a tuberculose da história. Mas, a partir daí, tivemos uma escalada no financiamento das ações de combate à doença”, afirmou em entrevista concedida à Agência FAPESP durante o 3º Fórum Mundial de Parceiros Stop TB, realizado esta semana no Rio de Janeiro.De acordo com Barreira, para que as ações do Ministério da Saúde tenham efeito, é fundamental a participação da sociedade civil na luta contra a tuberculose.No novo relatório de controle da tuberculose elaborado pela OMS, o Brasil ocupa a 16ª posição entre os países com maior incidência da doença, o que representa uma queda em relação ao 18º lugar no levantamento anterior.Agência FAPESP – O que tem sido feito para melhorar o cenário da tuberculose no país, especialmente em relação aos grupos mais vulneráveis, como populações indígenas, moradores de rua, presidiários e comunidades carentes – a taxa na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, por exemplo, é de 100 casos por 100 mil, mais do que o dobro da média?
Dráurio Barreira – A partir da semana que vem começaremos a elaborar uma consulta para o Plano Nacional de Controle da Tuberculose em presídios. Estamos também trabalhando com a Funasa [Fundação Nacional de Saúde] na elaboração de um plano para a população indígena. Em relação à população de rua, procuramos parceiros que nos ajudem com relação a algumas especificidades, como o acesso a esse grupo. Fundamentalmente, estamos buscando articulação com a sociedade civil para apoiar as ações de controle que precisam ser realizadas. A Rocinha é um exemplo: os agentes comunitários da favela, apoiados pelo município do Rio de Janeiro, conseguiram reduzir de 600 casos por 100 mil para 100 casos por 100 mil, onde o poder público sozinho não conseguiria chegar. Juntando governo e sociedade civil estamos tentando enfrentar os problemas prioritários.Agência FAPESP – O relatório da OMS também destaca que as taxas de mortalidade da tuberculose têm sido subnotificadas no mundo devido à integração da doença com o HIV/Aids. Esse problema existe no Brasil?
Barreira – Os portadores do HIV são potenciais doentes de tuberculose, isso já não era uma novidade para o sistema de saúde brasileiro. O Programa de Controle da Tuberculose é muito sensível à questão da coinfecção. A luta contra as duas doenças é indissociável.Agência FAPESP – O Brasil também foi elogiado pela queda no número de notificações. Mas, por outro lado, não pode estar havendo aí subnotificações?
Barreira – Sempre há alguma subnotificação, mas o Brasil tem uma grande vantagem em relação aos outros países. Temos todos os medicamentos fornecidos pelo governo federal e distribuídos para estados e municípios. Então, o controle do número de casos é feito pela dispersão de medicamentos. Assim, ainda que haja subnotificação, temos uma notificação muito próxima da realidade, se comparada a países em que a pessoa vai à farmácia comprar seu remédio, vai a um médico privado que diagnostica sua doença e trata. Fazer com que um médico privado notifique um caso é muito mais difícil do que no Brasil, onde a notificação é compulsória e o medicamento é controlado pelo governo. Nesses outros países, os médicos privados não têm nenhuma obrigação em relação ao governo federal. Nossa subnotificação é muito menor do que nos países que não têm um sistema centralizado.Agência FAPESP – O país carece de pesquisas e do desenvolvimento de novos medicamentos para tuberculose?
Barreira – O Ministério da Saúde investe principalmente em pesquisa operacional. A pesquisa básica é da alçada do Ministério de Ciência e Tecnologia [MCT]. Mas há uma boa articulação: a questão da compra de medicamentos e transferência de tecnologia dos medicamentos de tuberculose é toda feita via MCT. Mas, de fato, a pesquisa básica é muito cara. Por meio do apoio do governo e do Fundo Global [parceria público-privada com sede na Suíça], priorizamos as pesquisas operacionais.

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