O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.
O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.
O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Educação ainda é encarada pelo sistema prisional como um privilégio aos presos
A Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação apresenta no próximo dia 25 (quarta-feira) à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, informe preliminar sobre a missão realizada entre setembro de 2008 e fevereiro de 2009 sobre a situação da educação nas prisões brasileiras. A missão visitou dez unidades prisionais nos estados de Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pará e colheu mais de duzentos depoimentos de pessoas encarceradas, educadores(as), diretores e agentes penitenciários, promotores, juízes, defensores, além de ativistas de organizações de educação e direitos humanos. Todo o trabalho contou com apoio da representação da Unesco no Brasil.
“O que vimos ao longo da missão é que educação no sistema prisional sofre de uma precariedade absoluta em unidades cada vez mais superlotadas. A educação ainda é encarada como privilégio. Negar esse direito à maioria e impor condições degradantes e indignas vão coibir a criminalidade no país? É esse o modelo de prisão que a sociedade brasileira precisa? É necessário ter coragem de enfrentar esse debate”, afirma a Relatora Nacional para o Direito Humano à Educação, Denise Carreira.
A apresentação do informe preliminar à Comissão de Educação contará com a participação do Relator Especial da ONU sobre Educação, o costa-riquenho Vernor Muñoz, que veio ao Brasil graças ao apoio da Unesco-Brasil. O Relator abordará em sua apresentação a construção do Informe Mundial sobre Educação nas Prisões que será entregue por ele em junho ao Alto Comissariado da ONU. Os resultados do Relatório Brasileiro farão parte do Informe Mundial e serão também encaminhados a outras instâncias das Nações Unidas.
O relatório conclusivo da Relatoria Brasileira será entregue no dia 28 de abril ao Congresso Nacional, aos Ministérios da Justiça e de Educação e ao Ministério Público Federal como parte da programação da Semana de Ação Mundial, promovida pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação no Brasil. A Semana de Ação Mundial é uma mobilização internacional realizada desde 2003, em mais de cem países, organizada pela Campanha Global pela Educação, coalizão de redes e organizações de sociedade civil que se articulam em torno da promoção do direito humano à educação. O tema da mobilização internacional de 2009 é “Ler e escrever o mundo”, que tem como foco a situação da educação de jovens e adultos, da qual a educação no sistema prisional faz parte. A Campanha Nacional pelo Direito à Educação é uma articulação da sociedade civil brasileira com mais de 200 organizações e movimentos que apóia politicamente o trabalho da Relatoria (www.campanhaeducacaonet.org).
O que é a Relatoria?
Com o apoio do Programa de Voluntários das Nações Unidas e da Procuradoria Federal do Direito do Cidadão, a Relatoria Nacional do Direito Humano à Educação é uma iniciativa da Plataforma DHESCA (Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), uma articulação de 34 organizações e redes nacionais de direitos humanos.
Inspirada nos Relatores Especiais da ONU, a Plataforma possui mais cinco relatorias nacionais: saúde, moradia e terra, alimentação, meio ambiente e trabalho. A função de Relator não é remunerada e é exercida por pessoas com grande reconhecimento no campo em que atuam, responsáveis por liderar investigações independentes sobre violações. Cada relatoria nacional conta com o apoio de um assessor, vinculado ao quadro das Nações Unidas. Na educação, a assessoria é exercida pela educadora Suelaine Carneiro, ativista do movimento de mulheres negras e integrante da organização Geledés Instituto da Mulher Negra..
A atual Relatora eleita em junho de 2007 é Denise Carreira, feminista, coordenadora do programa pesquisa e monitoramento de políticas educacionais da Ação Educativa e ex-coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. A última missão da Relatoria Nacional de Educação abordou a situação educacional no Complexo do Alemão do Rio de Janeiro, após confrontos entre policiais e narcotraficantes. O relatório sobre o Complexo do Alemão está disponível nos sites www.dhescbrasil.org.br e www.acaoeducativa.org.br
É a segunda vez que a Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação trata o tema educação nas Prisões. Em 2006, a ex-Relatora Nacional de Educação Edla Soares e assessora Ednar Cavalcanti realizaram missão sobre a situação das unidades prisionais femininas de Pernambuco. O relatório pode ser acessado no site www.dhescbrasil.org.br
A organização de uma missão
A missão da relatoria está baseada em uma forte articulação com as organizações locais. A organização de uma missão envolve cinco etapas:
Qualificação da denúncia – levantamento de informações sobre a problemática. A partir da denúncia sobre o caso de violação do direito humano à educação, a equipe da Relatoria inicia o processo de levantamento de informações sobre a problemática e contato com organizações da sociedade civil e autoridades do poder público local para verificar a pertinência da missão.
Realização da missão – com apoio das organizações e autoridades locais comprometidas com a questão, é realizada a missão, que envolve visitas às comunidades atingidas, entrevistas com famílias, educadoras e educadores, dirigentes escolares, alunos (crianças a adultos); reuniões com autoridades locais; e a realização de uma audiência pública com a população atingida e autoridades para a discussão da situação e a construção de um plano de trabalho que enfrente o problema. Conforme as condições e o interesse, a relatoria realiza também um momento de formação sobre o direito à educação e sobre as formas como a população pode exigi-lo junto às organizações locais.
Elaboração do relatório – a equipe da relatoria elabora o relatório contendo a denúncia, o contexto, as vozes da comunidade e das autoridades e o plano de ação pactuado para o enfrentamento do problema.
Entrega do relatório às autoridades e divulgação nacional e internacional – o relatório é divulgado junto à imprensa nacional e internacional e entregue às autoridades nacionais, estaduais e municipais para a tomada de providências. Também é apresentado a instâncias internacionais.
Seguimento – depois de um período pactuado, é realizada uma missão de seguimento para monitoramento da implementação do plano de ação.
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