O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

MANIFESTO LÉSBICO FEMINISTA ANTI-CAPITALISTA


Em 1948 a cultura patriarcal machista, redigiu a "Declaração Universal dos Direitos Humanos", mais conhecida como a "Declaração Universal dos direitos do HOMEM", numa demonstração fiel e explicita do sexismo vigente na cultura, na estrutura e na linguagem da sociedade moderna.Nós, LÉSBICAS FEMINISTAS, acreditamos que o dia 29 de agosto, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, seja uma data para além da visibilidade, para denunciar a discriminação, a lesbofobia o machismo, o racismo e o classismo em que esta sociedade se sustenta, principalmente nos discursos científicos e religiosos que naturalizam e normatizam as famílias tornando-as nada mais que núcleos primários de reprodução das idéias conservadoras e da monogamia que faz o jogo do capitalismo.Nos propomos, como Lésbicas Feministas, a "reparar" esse horrível e discriminatório fato acontecido 60 anos atrás, e consideramos que esta data é uma ótima oportunidade para, mais uma vez, apontar e denunciar esse patriarcado que nos oprime. Esse sistema homo-lesbo e transfóbico que gosta tanto de "ordens naturais" e que não faz mais do que cuidar das famílias consideradas bem concebidas. Para sair do discurso e entrar no campo da ação faremos, a partir de agora, a Declaração das Esquerdas Humanas, uma reparação não apenas lingüística, mas de fundo, à declaração de 1948.
Nós, viragos, sapatas, femmes, sapas, sapatonas, thildes, bolachas, fanchas, laidys, machorras, caminhoneiras, bofinhos, fanchonas, tortilleras, LÉSBICAS, somos e queremos ser diferentes - anormais - pois não seguimos a norma heterossexual, branca, masculina burguesa e capitalista na qual se funda a hipócrita sociedade contemporânea ocidental. E assumir esta diferença e anormalidade impõe uma nova linguagem que explicite a nossa rebeldia.
Toda vez que formos chamadas para obtermos "os mesmos direitos" falaremos em obter "esquerdas desiguais", pois são nas diferenças que encontramos nossa essência.
Retiraremos de nosso vocabulário a palavra família, com todo o seu peso judaico-cristã, capitalista e monogâmico, e a trocaremos por "núcleos afetivos".
Não queremos casamento, queremos uniões afetivas, não queremos hierarquia, queremos uma sociedade livre de fato, com todas as suas diferenças, livre de preconceitos e fobias, livre do peso da opressão sexista, machista, racista e capitalista.
Manteremos e sustentaremos o direito aos nossos corpos, à nossa sexualidade, ao nosso prazer e a condição de expressá-lo com quem desejarmos e aonde desejarmos, como seres livres e soberanos que somos.
Hoje após 40 anos daquele glorioso maio Francês, onde nossas precursoras se rebelaram queimando soutiens nas ruas, e através dos muros pichados gritávamos "imaginação ao poder", ousando nos tornar VISÍVEIS, queremos lembrar que continuamos a preferir ser metamorfoses ambulantes do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Porto Alegre, 29 de agosto de 2008.
Assinam este manifesto: COLETIVO DE LÉSBICAS NEGRAS FEMINISTAS -CANDACE BR, ACARMO LBT NEGRITUDE, Lésbicas Independentes, Fuxico de Terreiro, Mulheres Rebeldes, Outra Visão, Liga Brasileira de Lésbicas, Coletivo Nacional das Transexuais- RS, Pontão de Cultura Digital Minuano, REDE NACIONAL DA SAÚDE DAS LÉSBICAS NEGRAS (SAPATÁ).

Nenhum comentário:

Postar um comentário