O Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Feministas Autônomas – CANDACES BR, tem como diretriz principal a visibilidade, letramento e empoderamento das lésbicas negras sendo destituído de preconceitos e discriminação de qualquer natureza (racismo, sexismo, lesbofobia, discriminação racial e todas as discriminações correlatas). Compondo-se de um espaço para o exercício da solidariedade e construção dos conceitos de promoção de Cidadania e Direitos das Lésbicas Negras, no desenvolvimento da consciência crítica visando autonomia e transformação do indivíduo para que este se torne agente transformador em nossa sociedade.

O Coletivo Candaces tem como finalidade a luta pelo estabelecimento de uma política eficiente de saúde publica ligada a feminização da AIDS, através do Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da AIDS e outras DST, bem como desenvolver projetos voltados para a promoção da cultura, educação ambiental, comunicação, arte e gênero.

O Candaces também traz a preocupação e o recorte das pessoas com deficiência, nesse caso em específico as lésbicas e bissexuais, com algum tipo de deficiência. Para a garantia das especificidades no contexto geral das Políticas Públicas, no reconhecimento enquanto sujeitos políticos da história. Não são privilégios, mas sim uma atenção diferenciada dentro da política de saúde nacional, respeitando sempre as condições e limitações das pessoas com deficiência. Nesse sentido torna-se de suma importância que o segmento das pessoas com deficiência seja consultado na elaboração de novas propostas de Políticas Públicas visando sempre à acessibilidade e a inclusão social para todos.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Economia de revolução ?


Texto Leonardo Boff Teólogo

Notou-se algo de cruel nas negociações da rodada de Doha acerca do comércio internacional. Enquanto os países ricos se negavam a diminuir os subsídios agrícolas e modificar outros itens da agenda comercial para preservar seu alto nível de consumo, outros lutavam, desesperadamente, para garantir a sobrevivência de seus povos. A visão dos paises opulentos é míope, pois já se instalou a crise alimentar, possivelmente de longa duração, podendo afetar a eles, mas muito mais a milhões e milhões de pessoas, confrontadas não com a pobreza mas diretamente com a morte. Já estouraram revoltas de famintos em quarenta paises sem que a imprensa empresarial, comprometida com a ordem imperante, tivesse feito qualquer referência. Os famélicos sempre metem medo. A crise alimentar é de tal envergadura, associada aos transtornos advindos das mudanças climáticas, que nos é permitido falar da urgência de uma revolução. Esta palavra foi usada no dia 2 de fevereiro de 2007 em Paris pelo ex-presidente francês Chirac ao ouvir os resultados alarmantes sobre o aquecimento global. Advertia ele que, face à atual situação, devemos tomar a palavra revolução, no seu sentido mais literal. É urgente fazer mudanças radicais nas formas de produção e de consumo, caso quisermos nos salvar e preservar a vida em nosso Planeta. Desta vez não podemos fazer economia de revolução. Há implementá-la já agora.
Evidentemente não se trata de revolução no sentido da utilização de violência, mas no sentido que lhe conferiu nosso historiador Caio Prado Jr: transformações capazes de estruturar a vida de todo um sistema social de maneira consentânea com as necessidades mais profundas e gerais de suas populações, algo que confere um novo rumo às vidas humanas?.
Pois é isso que está se impondo a nível mundial. A Organização Mundial do Comércio, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a maioria dos governos implantaram um tipo de industrializaçã o da agricultura com a liberalização dos mercados que se regem pela competição e pela especulação, que acabaram por afetar a soberania alimentar da maioria dos paises no mundo. É ilusão pensar que aqueles que produziram a crise, têm a chave de sua solução. Eles propõem mais do mesmo: mais produção, mais fertilizantes, mais transgênicos, mais mercado não para saciar a fome mas para fazer mais dinheiro. Ninguém pensa em colocar mais dinheiro na mãos dos famintos para poderem comprar comida e sobreviver. Podem morrer de fome diante de uma mesa farta à qual não tem acesso. A solução se encontra nas mãos daqueles que no mundo inteiro garantem grande parte do suprimento alimentar: a agricultura familiar e as pequenas cooperativas populares. A agricultura familiar no Brasil representa 70% dos alimentos que chegam à mesa. Ela é responsável por 67% do feijão, 89% da mandioca, 70% dos frangos, 60% dos suínos, 56% dos laticínios, 69% da alface e 75% da cebola. Estes pequenos agricultores, articulados entre si e também em nível internacional, devem formular as políticas de produção, privilegiar os mercados locais e regionais e manter sob vigilância os mercados mundiais para inibir a especulação e impedir a formação de oligopólios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário